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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

À Luz da Tradição

Sento-me em frente ao computador e começo a escrever. Enquanto minha reflexão sobre tudo que me cerca é exclusivamente íntima e pessoal, os meios dos quais faço uso para encaminhar os pensamentos são inúmeros e me servem de pronto.

Baseados na importância da era do computador e da tecnologia de exata presteza, surge uma idéia do Common Core Stated Standarts Iniative de abolir a letra cursiva do ensino, substituindo-a pelo computador. Esta não passa de um impulso e uma assinatura no papel de algo que já vem incorporando a sociedade contemporânea há algum tempo: a substituição da tradição pelo que há de mais moderno e usual.

Muito embora faça uso de todos os recursos que tenho disponíveis, não me acode a memória um momento em que me senti prejudicada por usar a letra cursiva, a lápis e a papel. Pergunto-me então por que uma instituição importante, de ação conjunta de 46 estados americanos, decidiria por aboli-la. Dificuldade? Mercado? Falta de métodos de ensino?

Digo então o óbvio: É comum a vontade de acabar com aquilo que não se entende ou tem-se dificuldade. Alunos e professores, sentindo-se prejudicados com aquilo que ensinam e são ensinados, procuram meios mais parcimoniosos. Mas não enxergo nisso um grande motivo. Afinal, o ganho com a escrita à mão é maior do que o prejuízo.

A escrita ajuda o aluno a desenvolver seu senso crítico, avaliando com mais calma e cuidado aquilo que lê e escreve; e muito além: ajuda a construir seu intelecto e moldar o raciocínio – bem como a matemática, que embora seja de pessoal desagrado, serviu-me como instrutora do mundo lógico. Não apenas, mas a escrita é um meio de identificação pessoal, é a primeira criação de um aluno, a primeira externalização de seu mundo em desenvolvimento.

Termino meu texto, enfim, no papel, à mão. E, agradecida pela bênção de compartilhar do mesmo método de escrita que Machado de Assis e Guimarães Rosa, deixo minha pequena criação descansar à luz da tradição.

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