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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Poeminha Preguiçoso

Quem sabe a vida
toda timidez
tenha regido
o que todo homem
de forma ou outra
tenta mudar:

Que tudo há
de acontecer
apenas uma vez
- caso pergunte
esta é minha última -
que tudo acaba
porque só dura
o pouco
que for pra durar.

Logo eu que não mo contento
que a vida passou,
sei e espero:
'inda vivo no passado.
Tudo que existe
é que não acabou.

- Menina, vês no negro
céu 'quele longe astro?
Não! Não to enganas!
Vês brilho de astro
brilho que ficou:
Tudo que existe
é que não acabou.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vi uma árvore.
A árvore tão
pouco árvore.
Tanto árvore
cidade.
Árvore que não
Mário de Andrade.

Era árvore que namorado não
escolhe pra escrever
nome de amizade.
Era árvore aborto
que Natureza se esqueceu
árvore não afinidade.

Árvore do galho pelado
árvore não mocidade
Era árvore
de galho arrebitado
árvore que parece cabelo
de gente velhidade.

Vi uma árvore
árvore nulidade,
Árvore que me pede piedade
de ser árvore opacidade,

- Não posso ser modernidade.
O coração é um selvagem
que ninguém tem coragem de libertar:

Fica amarrado em canto obscuro
pelas rédeas rubras do corpo,
solitário no centro de tudo
esbanjando vida
afinal sem murmuro.

Mas o coração não suporta e pulsa,
pulsa só pra amedrontar,
Não há coração que exista
sem ao menos bufar.

Ai coração, que perigo!
Desfraldo enfim suas correias
e inicio nossa corrida
Ai coração, vou perder os estribos!

O coração é um selvagem,
não aguento e vou lhe desenredar.
Tenho vergonha, oh darling.
Quero um cobertor,
de poesia, feitim.
Quero pra que me
esconda desse ingrato mundim,
que já de

           V
   E
R
       G
    O
           N
    H
             A

me deixou vermelhim.
Cansei debate-papo.
Quero papo só papo.
Cansei de bate saco.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Amarrem mil cordas em meus cílios,
chamem outros mil homens para puxá-las:
Abram as comportas!
Preciso desesperadamente ver!
Preciso abrir os olhos!
Preciso amar o mundo!

Tenho tanto sono.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Se o sono vem e devora
faça um café:
o mundo está rápido demais
pra querer andar
de marcha à ré.
(Na maior parte dos dias, acontecia
de o tempo demorar pra me encontrar,
os caminhos serem mais longos
e os passos terem menos fôlego.)

Eu andei por toda Higienópolis
e o bairro me sentia lá na Liberdade
- ora se eu não parecia uma estrangeira -
Who who who cares?

Cada indivíduo me olha e não diria
que me assola um terremoto
com escala máxima de Richter:
Um passo e outro parecendo que eu
queria rachar a Terra - na verdade queria -

- Pessoa, acho que eu poderia...

Porque era um pensamento que esgoelava
neurônio por neurônio
e tanto minha realidade se transfigurou
em um trajeto impaciente
e atemporal.

Ora essa, I was the waterpipes
e por dentro de mim corria
(d)esgo(s)to ácido,
sem ter onde desembocar.
Cadê Paciência?

(Sofro de vermelhidão aguda,
não escondo.)

Olho ao meu redor e vejo uma neblina
que não existe. Alberto Caeiro,
há metafísica demais neste mundo.
Um menino do outro lado da rua:
Sei que está lá mas não vejo.
Estou nervoso.
Não há nada a ser feito, mas quem sabe -

... ter escrito o Livro do Desassossego. -

Nervoso estando não há o que te
possa brecar,
meus olhos apenas enxergam os sinais vermelhos
e quando não isso, que sorte eu dei
de não morrer desligado
atropelado.

de agradecimento à poesia

Se devo a alguém agradecimento
primeiramente é à maçã chilena
que devorei antes de me preparar
pra este poeminha:

Thank you, poesia,
minha criatividade tem sido bem explorada por ti.
Gracias, poesia,
o Mundo tem exalado cores e cheiros diferentes
e tão bons, tudo graças a ti.
Muito obrigada, poesia,
tens me recuperado do mesmo mundo de cheiros e cores,
tens procurado a mão da criatividade que quase morreu
e tens me saciado com pensamentos almofadinha
quando tudo é duro demais.

Mas principalmente:
tens me anestesiado de uma vida (escorregadia) demais.

Is never enough uma maçã.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

11092001

Eram dois caixotes, um do lado do outro, solitários e na espera.
Há quem diga: Os maiores do mundo!
Mas continuam sendo caixotes, em sua plena existência.

E tal como se sabe, caixote só existe se for pra abrigar
banana, mudança, livro velho e sapatos.
Pois aí que se diferenciavam, os tais caixotes...
Por fora não eram diferentes dos outros,
- aliás, eram muito parecidos - 
mas por dentro...
Por dentro traziam uma...
Uma selva, vai lá. 
Agitações, dores-de-cabeça, contas a pagar,
ternos, elevadores...
Todos esses bichos de uma perfeita selva.

Enormes caixotes: 
de tão enormes que eram não tinham como serem derrubados.
Mas aconteceu e é o que dizem...
- Psiu, não conta, mas parece que foi um pássaro, 
desses que american boy não costuma ver todo dia - 
Derrubou os caixotes.

Não sei, não vi, mas dizem que foi um grande espetáculo:
primeiro, leves, foram brotando pétalas do caixote,
que flutuaram até abraçar o chão.
Depois, parece que da selva 
se formou uma rosa meio estranha, alaranjada,
sem perfume nem forma exata,
toda fumaça e destruição.

sábado, 30 de outubro de 2010

Sou o berço de uma insistente cólera de solidão Não resoluta...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Então ele descarta a idéia
Da existência de Deus,
Vive com câimbra no sorriso...
Amassa, despacha,
Qualquer tipo de fé...
Enquanto isso, eu vou vivendo
Como seu tripé...
O Sol não nasce mais refinado
Para todos os lados...
Brinca só com a inconstância
Social e dos pecados...

Acredita no sobrinho rancor,
Já que seu pai, meu irmão,
É o próprio Amor...
Imagine que o desespero só
Vale na mente...
Já então poetas choram sobre
Um coração demente...
Há milhares de janelas no céu,
Todas desenhadas por crianças
Melecadas de papel...

Entre meus fundamentos,
Santa Maria e o parecer,
O ser e o mostrar, com seu próprio jeito
de se auto-apagar...
Quando tudo parece bem acomodado,
Só resta achar o resquício da verdade,
Quando se quer entender o futuro e o passado,
Está lá você,
Deitado nas entranhas da sociedade...
Estou farta do romantismo nas telas de cinema,
nas bocas dos enamorados.
Estou farta desse romantismo tão exagerado,
que deforma a mente das crianças
e as torna em ilusões do próprio futuro.

Não aguento esse romantismo que não é vida,
que acaba com uma realidade
tão bonita com a qual vivemos.


Estou farta do romantismo bem comportado,
que chega perto e discreto e
devora...
- mansinho.
Toda criança que chora
também é imortal e infinita.
Que medo de escuro nenhum
esconde a coragem de criança,
que soldado valente algum tem.

(...)
Ai, mãe! Tenho medo.
E não é de papão, não é de salada,
não é do canto escuro do parquinho.

(...)
Tenho medo de atravessar a rua
e acabar atravessando o escuro.
Meu amigo,
chegue perto que tenho algo
prá te contar...
estou ficando tão velho.

E não é pela falta de memória, não.
É, meu amigo,
meu problema é estar com
excesso dessas tais memórias...

sábado, 23 de outubro de 2010

Se tocar em mim não tardará a perceber que dentro guardo um menino e um homem.
Que se tocar manso ou com amor, é pelo menino que chamas...
mas se tocar eletrizante e perto dos joelhos, o homem é quem vem.

Mas, querida, como posso então ser dividido sem dor entre minhas gerações,
 no mesmo corpo que os serve de abrigo?
Pois é, minha querida, se um dia me vir em guerra saberás que o menino será o vencedor...

Toque devagar, querida, um menino em mim descansa e ainda não descobriu o que é calor...
o homem já tão feito que aguarda sedento,
- o Homem é impachorro é invagarento é tudo menos lento -
e querida, me toca com paciência...

Aliás, deixa de tocar, querida; o menino tão esperto não aguenta mais a espera.
deixa-o levantar desse profundo manso descanso que é hora de ao homem ensinar.
E se o menino cresce
longe da mata e dentro da areia
já se sabe: a mata cresce no rosto dele
e um chapéu guarda na cabeça
pra proteger-se do Sol
que sorri e arranha.
Chora, menina,
chora de amores por um saqueador de corações.
Chora porque não deve haver nada tão triste
quanto este vazio que alaga teu peito.

Chora, menina.
Enquanto eu deste outro lado da ponte,
sou mais um outro só e do outro lado do mundo.
Choro porque não menina.
Choro porque ninguém.

Chora, menina.
Banha teu corpo e face com esta água salgada
e pura,
chora porque é facílimo chorar amores.
Mas e eu, menina?
E eu que choro desamores?

Choro porque estou em guerra
feita de sabores
unicolores.
Ei, poeta.
Apronta-te bem vestido,
venho de longe anunciar
que tu já podes perder tua fé:

Caro Poeta,
dirijo-lhe aqui uma poesia pronta,
porque é necessário informar
que acabou o Café.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Que aguarde o dia!

Não vou te perdoar pela monotonia dos dias,
Pela presunção dos ponteiros.
Que enquanto pequenos piratas furtam o Sol das manhãs,
Eu aguardo em vão com a presença de tua ausência.

Mas o que fazer se não aguardar
Com a presença de tua ausência?
Todo o quarto e as mesas me olham fundo
Com teu rosto no meio
E cada suspiro leva com o vento
Parte de mim.
Inércia na Rua

Bela noite! Nas estrelas vejo seus traços,
Memórias de tesouros que descobrimos.
Bela noite! Aconchego-me no escuro
Do longo cobertor de um céu sorridente.

Hei de aqui jazer,
Até aqui padecer.
Espero, pelo menos, poder sonhar,
Até que venhas me abraçar.
Boa noite, bela noite.
Contos de Fada

Seria eu capaz de apostar tudo,
Pôr toda minha fé no mundo,
Só por um segundo, pra chegar a acreditar
Em quem me observa?

Enfim, ao que sei de tudo,
Também sei de nada.
‘Queles trasgos viúvos,
Todos unicórnios e monges,
Nada existe.
Mas balançam em mim,
Tanto, e de tal modo,
Ao espelho d’um pássaro
Que debate-se na gaiola.

Sei de nada!
Creio em tudo!
Mostraria ao vento que este
Já não leva nada se pensa carregar
Meus suspiros.
Esquecem-se de levar meu tudo...

Nenhum morro ou pôr-do-Sol
Me mostra o que quero,
Estando em mil lugares,
Só achei tal brilho em mim.
Mas onde está ele,
Que não o acho? Que não o vejo?

Acima das nuvens e embaixo delas,
D’onde filosofias brincam de ser
Sonhos amarrotados
D’onde misturas de minha fé e meus olhos
São lentes de Reis e Rainhas
Pedreiros de liberdade.
São meus universo-amizade.
Desapego ao próprio corpo é tarefa de sábios

Eu olho,
Tu vês,
Ele déja vu.

Eu olhei prum relógio,
Tu viste um complexo de pecinhas
Dançando sincronizadas,
Ele acentuou sua harmonia
Com milhares de universos
Giratórios e levinhos...

Eu olho,
Tu vês,
Ele déja vu.

Eu olhei um Sol,
Tu viste uma lanterninha sair
Dos olhos d’uma criança.
Ele descobriu uma pombinha branquinha
Carregando folhas de hortelã
Por cima de um mar
Que engolia o céu
Em sua escuridão.

Talvez um homem olhar para o mundo
E vir em
Seu corpo mortal
mais do que um saco de sentidos
Traria para nós
A sabedoria que vem de
Outro lugar...

Eu olho,
Tu vês,
Ele descobre-se nu.
Complexo É Completo

Eu não me contento com pouco
Porque nada no mundo é pouco:
É completo.

E dá brilho aos olhos da mulata ver
Seu negro fumando ópio e sorrindo.
Dá calor as plantas
Um dia de chuva.

E só dá alegria a mim,
Olhar pro mundo e
Ver tudo olhando pra mim.

outra muito antiga

Me Espera Anoitecer.

Foi um dia que eu esperei
Entrelacei minhas memórias
Em volta de opacos sábios
Só em busca daquele velho simplório

Poucas vezes me vi
Beirando um lago,
Em busca de outro tipo de Narciso...
Só me fogem.

Mas e aquele,
Meu Senhor,
Onde está que não sinto?
Perde-te em outro anoitecer
Nas mãos jubilosas de um
Viver-indo-embora.

Sou feliz sem saber.

muito antiga

Mirante do Éden

Puderes ver daquele morro,
Não só a grande Máquina do Mundo,
Numa cerca que limita as metas e princípios
Tu enxergas anjos que, de tão, tão longe,
Brincam de traçar destinos
E diante de olhares,
Tornam-se, com flechadas, os cupidos.

Ouvires Bela Afrodite cantar o lirismo?
Ninfas por entre ramos,
Procuram dentre velhas almas perdidas,
Corações que não pulsam,
Chorando a vida mesquinha,
Como a solidão de um Rei sem sua Rainha.

Gatunos furtam o céu cristalino,
Roubam dos meninos o temor!
Trazem às puras, a melancolia,
Benditos sejam seus suspiros e lamentos!
E o suor frio dos soldados pelo tambor!
Meu Vizinho

Não conheço meu coração,
O pequeno danado vive saltitando
De canto e outro
E nunca vem me visitar.

Meu coração,
O despercebido que me sustenta,
Canta e dança para os outros,
Mas para mim,
Só sabe sufocar.

Desconheço meu coração,
Ele finge não me ver,
Pensa que posso viver só de pensar,
Mas sem meu coração,
Oh, meu miúdo,
Sem ti, eu inexisto!
Se for pra falar de amor, espero não falar nada enquanto estiver amando.
Explicar amor amando é divagar sobre as belezas do fundo-do-mar sem nunca tê-lo visitado.
Incerto.

Se for pra falar de amor, espero não falar nada enquanto estiver sorrindo.
Explicar amor sorrindo é desenhar o inferno com lápis-de-cor azul e retocar com alegrias.
Incoerente.

Se for pra falar de amor, espero não falar nada enquanto me estiver disponível menos de vários séculos.
Explicar amor sem tempo é pedir gentilmente a Chronos que não devore nenhum de seus filhos.
Impraticável.

Se for pra falar de amor, espero não falar nada sobre o amor.
Espero o silêncio para que me consuma e conte zil histórias de amor.
I. Do dia calado e fresco
fez-se a noite de burburinhos
e calor - e quanto.


II. Não há sombra vertical,
nem horizontal que
substitua e envolva minhas mãos
e permita minha mente
uma  ocupação tão melhor
quanto este espaço vazio
entre os olhos teus.
Me explica então porquê
não há de haver poesia
em fazer nada.

Por que meus olhos perdidos
não podem ser os versos
desenhados e prontos
de um lápis em um papel?

Por que uma flor morta
não pode ser amarrada
em umas palavras bonitas
em linhas oblíquas da poesia?

Poesia, por que não pode preencher
os espaços vazios de uma mulher 
sendo triste e 'inda sendo mulher?

Por que a poesia não vem
e não está
por aí e acolá
pronta pra sê ela
nas mãos de um poeta?

Por que, poesia?
Me invade e me explica.

Além(brar).

Te juro, meu amor,
se hoje sento no
banho e choro,
não é de saudade:
é de nostalgia.
Quero este tempo retrógrado
e bem resolvido
onde tudo tanto fez.
A saudade não tem apreço.
e o meu preço, amor,
é esta sutil diferença
que insisto em colocar
entre o que lembro
e o que me recordo.


Sim, meu amor,
não quero nem acreditar
que a memória tem todo 
esse poder e fantasia
de ser mais que a conservação
intacta na retina e tímpano
do marca-passo de nós dois.
É, meu amor, não me venha
recobrar os sentidos,
Sou inteiro em qualquer
outro lugar
onde possa unir pálpebras
e ser apenas inércia
no infinito do depois.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tudo, enfim, é mais mutável do que os pensamentos acham que é.

Apelido Suicida

Abri a janela,
Noite congelante e um
vento que corta na tangente da face.
Meus sonhos envenenados se vão e vem.
Eu vejo estrelas!
- pequeninos borrões brilhantes -
e que ainda assim chamo de estrelas.

Abri a janela e abriram atrás de mim
a porta.
Berraram meu nome,
me chamaram de dor imensurável.
Aqui atrás, (onde meus olhos
que só enxergam estrelas
não alcançam)
me apelidaram de suicida.

Nem olhar em paz,
por uma janela, eu posso
sem que o medo
bata à minha porta.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

e de mão semi-fechada
e aberta mão
pede o negro sorriso branco
esmola, sim sinhô.
tem um centavo pra eu comê?
passo fome, sim sinhô.


com aberta mão
sinhô, tem sujeira no seu dente, 
sim sinhô.


sinhô, minhas roupas são encardidas
mas tenho mão e braços abertos
sim sinhô, não peço mais que uns trocados.


com coração aberto
me dá um centavo pra comê, sinhô?
meus dentes são brancos
porque não como e tenho fome, sinhô.

domingo, 10 de outubro de 2010

lápis desejando pular em um papel branquinho

um papel branquinho louco pra sê mais 
                                                     e sê o mundo

sê um mundo de papel.

O único meio de ser feliz é admitir ser eternamente triste.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ei, meu menino!
Não pede ao mundo
pra sê parecido
com seu umbigo.
E a vida, hein?

Te amargura.
Depois te pede para amá-la.
conta-me teu passado que te conto...
Que o passado não existe em si,
senão pelo fato de nós o
reconstruirmos.
Que dia sobre dia,
como tijolinhos,
nós remendamos a imensa
teia da Sabedoria e da experiência,
pelas quais eu vejo o mundo
de agora:
Ô, mundo, não tardas para virar
outro tijolinho!
Ah, pouco me importa viver, 
se viver não for 
colecionar minhas lembranças!
aula de redação
uma aula de redação anotada em partes, - pouquíssimas partes - que tornaram o texto confuso e brilhante :)
Tua fisionomia me indica dúvida. Lado a lado, tudo explícito. Você é jovem, você ganha força. Perdeu a pontuação. Perdeu. Foi importantíssimo. Mas eu fui rebaixado. Você quer? Se eu quero? Venha. A gente marca essa flexibilidade. Dogmático e prático. Eu sou uma verdade inquestionável. Exclusivo da escrita. Se assustou agora, né? Fala, razão! Segundo ministro, o assunto não pode ser negado, porque dá o caminho, querido. Parte sua. Afirmação meio-certa. Mas isso vai formar um todo lá no final. Se é alternativo de um lado, é justo que relações entre a espera sejam poder. Você tá chamando de um lado de elegante, né? Por exemplo, pô, carta-máscara não é possível. Por causa da máscara. Lixo. Você tem que escolher. Você veste uma máscara de 80 anos. De um adolescente não é bem-vindo. De próclise. De brócolis. Se poderia. De jeito nenhum, expressão; mais claro, mais similar, querido. A importância adequada, acredite. Acabei com outra. Acabei, não. Período está claro. Está e só. Só. Por dia. Semana, me referi à tarde. Vamos trabalhar, presta atenção, formiga que incomoda. Indígena conversa. Quero encaminhar essa proposta de formato peculiar tipo necessário. O que é o exame de voluntário já anterior? Auto-avaliação estruturada enfática na memória. Compreensão. Fórmula do mundo relacionado é problema. É isto. Mais do que. Tá. Mas e isso? Gênero noite. Quatro praias da Consolação. Objetivamente. Estamos falando de parâmetros cultos. Não. O primeiro mandamento (o)culto. Próxima.
posso me esquecer de um conhecido ou, momentaneamente, de um amigo.
no entanto, nunca vou me esquecer de nenhum de meus professores, cuja sabedoria faz parte de todos os passos que dou, agora. 

enquanto vou aprendendo, devagarinho, admiro secretamente cada um de meus professores…

des.abafado

Sou eu a única pessoa que sente uma conotação quase hipócrita sobre a Hora  do Planeta?

Não sei.

Quando penso nessa iniciativa, vejo tantos dados positivos, tantas pessoas preocupadas com o aquecimento global! Estamos, não estamos?

Ou estamos apenas preocupados com a nossa própria existência? Ainda vivemos o antropocentrismo?

Quem realmente está preocupado com o Planeta não deixa a luz apagada por uma horinha pra mostrar isso, como também deixa o carro de lado e pega um ônibus ou uma bicicleta. Compra papel reciclado. Leva seu lixo pra centros de reciclagem. Não usa saquinhos plásticos do super-mercado. Prefere um tênis de pano à um de couro. Evita produtos de madeira. Come menos. Usa menos o elevador. 

Num exemplo absurdo, uma pessoa que realmente estivesse ligada no assunto Planeta, teria vontade até de deixar de fazer cocô. Porque quem está ligado, SABE que fezes liberam um gás chamado metano. E quem está ligado sabe que este gás é pior que o CO2 para o aquecimento global.  

Mas não. Estamos preocupados. Como nossos filhos viverão num planeta tão quente? Que haja adaptação pra tanto calor, hein!

Engraçado ou não, eu consigo ver até um adesivo pra carros:
“Eu participei da Hora do Planeta. ”
mas é só olhar pra fumaceira que sai desse próprio carro pra perceber um tom de ironia, né?

 Parabéns à iniciativa. A Hora do Planeta é genial. Somos nós mesmos os hipócritas e burros. Burros? É, talvez não. Somos bem malandros. Essa é a palavra. Queremos salvar nossa própria pele, a qualquer custo. 

Porque não basta estar quente.
Tem que estar fervendo.

Né? 
Tristes somos todos nós; se você pensa que está feliz, desiluda-se!
Tâmis

E ele me disse, com um sorriso meigo no rosto, que ninguém era feliz. Não havia maldade naquela pessoa. E, desse mesmo jeito, ainda tentava me provar que eu não deveria acreditar em ninguém.
O desespero dos miseráveis é o alimento da revolução.
Só peço perdão, Poetinha.

Se usei de suas palavras
sem ter verdadeiramente
amado.
Licença! que agora vou
me despir dessa carência!
já que em mim nesse momento brotam
os primeiros folículos do que
chamo de alegria!

E não me peça pra com outra máscara me vestir!
Eu quero cultivá-los como
os cabelos fez Rapunzel,
mas de corda fazê-los pr’outra cousa:
Se um dia precisar,
e o céu não vir a mim,
vou eu ao céu, Yahweh!
Me enforcar com os prantos doces
do cristalino vida. 
E é da alegria que se sofre.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Tudo bem agora:
espirrei o universo.

(as estrelas se fizeram)

Tá tudo bem agora.

sábado, 2 de outubro de 2010

Do Poeta Reapaixonado

Esperou o gelo do seu copo de whiskey derreter.
Tinha de reservar esse momento
para ser tempo suficiente de seus
olhos se acostumarem com aquela
nova beleza,
seu corpo se acalentar
e deixar-se apegar pela mera
imagem de uma morena mulher
que fez-se de triste
à sua nova namorada.

Era um cachorro perdido na vastidão
do relógio dos céus,
sucumbia seu rotineiro trajeto
em busca de refúgio
onde pudesse ser amor de novo em paz.

Ah... grande Poetinha!
Era ele,
Vinicius, que perdia guardanapos
e solidões virgens
em bares de então
e que só vinha a reencontrá-los
no corpo tranquilo de uma mulher amada.
Ai, meu deus!
Queria escrever tudo!
Dói meu o coração 
faltar caneta e papel...
meu deus! quero escrever Poesia!


Tenho uma vontade louca de Te escrever!


Ando sozinha pela cidade
e apenas ela, divina, 
vem comigo, Poesia.


Tenho um medo tão grande de te perder!


Não sumas dos galhos quebrados!
Não sumas do dente torto do jornaleiro!
Não sumas da poça de água suja que o pombo preto bebe!
Não sumas da moça do outro lado da rua que corre de medo de andar na rua!
Não sumas da terra que caiu pra fora do vaso!
Não sumas do homem que perdeu as esperanças!
Não sumas! Ai! Ai!
Não sumas da máquina-de-escrever enferrujada!
Não sumas dos tinteiros dos antigos poetas!
Não sumas das canetas do Vinicius!
Não sumas que eu tenho medo enorme de ver o mundo mais feio!


Ai, Poesia, não sumas!
Tenho um medo irracional de te perder.

É preciso pessoas que queiram falar!

É preciso urgentemente pessoas que queiram tocar vozes em conversações!

É preciso pessoas que saibam falar alto!
que queiram libertar-se,
que falem grave e macio e
que rujam o som do rio que desemboca no mar
agora!
Agora mesmo!

É preciso pessoas que saibam falar miúdo...
que saibam amarrar os sons de suas gargantas
e transformar aquela onda magnífica
nos sussurros da noite calada de agora...

É preciso urgentemente pessoas que saibam falar vomitando risadas!
que queiram Agora deleitar-se com essa fonte
inesgotável de piadas que deixam toda a casa mais suportável!

É preciso pessoas que não gritem...
que falem baixo e que não falem mais do que deveriam...

Tenho uma pressa enorme para falar!

É preciso pessoas que gritem, urrem e que façam fluir
do próprio corpo mais do que suas afeições!
É preciso pessoas que gritem de Amor pela própria revolução!
É preciso pessoas que gemam e deixem seu suave clamar para trás!

Em apenas razão de precisar gritar mais!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O vento que passa
por mim
se suja
com minhas
lembranças
Meu grande amor é desconhecer o mundo. Só assim sei que tenho ainda a vida inteira para conhecê-lo.


_____




Se fôssemos apenas de carne e osso, que depois é descartável, tenho certeza que não haveria compaixão. Há algo a mais: Dentro de cada animal, planta e pessoa. Há algum tipo de energia, de deus, que nos aproxima, que nos torna humanos.
Eu tenho um cordão umbilical
ligado ao meu Planetinha
Eu nasci da terra e do barro
cheio de lama nos olhos
Eu tenho zil raízes 
em todos os cantos do mundo.
O que os homens ainda não sabem, é que existe uma grande diferença entre conhecimento e sabedoria; existir e viver; estar no mundo, ou ser ele.
Perturbada a noite cala
sendo ela noite-dia o chulo comemorar
da riqueza trazida pelo zéfiro de aroma de ambrósia
e entre acolchoados
nos deitamos no calor do ócio e
do vinho quente, que ardia o pescoço
suavizado
pelo abanar das penas por um escravo

Tibério, tu queres minha mulher?
Venha cá e traga seu mel que
te entrego meu amor,
que o bom gosto é para os olhos
mas para o apetite também.

Não peço alcaçuz, melaço e nem uvas de outro Reino
porque sentir só o vinho posso
E desdenho o azeite fino e o pão requintado
que de migalhas já não vivo mais.
Vivo do dançar defronte a morte
no vivo prazer que me tirou a
sorte.

E lá em cima - ou de trás -
também vejo nosso vilão de Bailleul
Louco seja eu chamado, que
creio mais no vilão do que
em mim.

Ah vilão! trouxeste pra mim
de novo o tocador de trompa!?
O rijo potro, nos vales úmidos que o Sol não vê,
será alimentado de novo!

Oh vilão,
trouxeste a pele francesa
e egipcia pra meu potro degustar!
Tu não te incomodas, violão,
por aqui pastará uma
cavalaria inteira!

Na fonte eterna de
ir e voltar, da secura das mãos e
do aguçado tremor que os olhos
insistem em guardar

Pelo chão, a carne
e a semente amam-se
juntas na hemorragia
letal que
minha pálida e fria bebedeira trouxe.
Fugires

Porque apenas não ando só,
um vago pensamento caloroso me acompanha
e olha por mim cada momento que passo.

Só agora sinto falta dos meus ponteiros lentos,
sinto falta da pura Natureza que me criou.
Que agora a Natureza não anda só,
anda comigo e com os belas.
E vive tudo como se vivesse com ela.
Beija-Flor Chamado Amigo

Querido Beija-Flor,
Carrega o mel de cada dor.
Entre o orvalho de toda rosa,
Rebola e salta em meio à roda!

Ah, Danado!, leva cheio de mimo
Enfim todos meus sorrisos!
Que fiz eu ao receber tanta graça?
Se ao menos eu soubesse – toda vez que ele passa!

Voa, voa, Beija-Flor!
Vá, volte e vêm!
Leve embora meu desdém,
Mas volte à tarde, meu amor,
E – a sussurros – diz no meu ouvido:
“Como é bom estar contigo!”
Certo dia, vi
Uma sem-graça garrafa de papel
Boiando no beijo azul do mar
Pequenas palavras cantarolavam na minha fantasia,
Enviaram-me piratas! Eviaram-me
Um surto roubado,
Uma estrela caída...

Borradas na tinta de um velho poeta,
E sofridas como uma bailarina que se vê rechonchuda.
Todas as palavras sufocaram-me ao peito.
Mas não eram minhas.
Nem eram de ninguém.

Eram apenas do mar e daqueles que lá moram,
Fui eu o tolo de lá tira-las.
O tolo de arriscar-me querido e presente.

Nenhuma carta foi escrita...
Foi só meu olhar perdido no recife
Que as escreveu
E as mandou com as ondas,
Junto com as gaivotas no ar...

Não há de carregar em tuas mãos,
O que os olhos não podem ver.
Não há de carregar com os pés,
O que só o coração pode sentir.

Carregas na alma,
Carregas contigo,
Carregas.
Carregas todo o peso do tempo,
Carregas a amargura do futuro.

Sem notar o que passou,
Descobres que não carregas nada.
Apenas a mera existência.
O corpo sem a alma.
A carcaça,
Cego e tolo.

Carregas cavalo selvagem,
Carregas um gatilho puxado,
Carregas a rosa de Hiroshima.

Porém há de carregar a queda,
O morto,
Os mortos.

Carregas o incompleto e o completo.
Carregas a chuva e o orvalho.
O bebê e o pássaro.
E tu hás de carregar,
Quem a ti também carrega.
Quero o mundo só d'imagens.

Um cão devorando estrelas com seus olhos
                              Um pedaço de papel amassado dentro do lixo
Uma árvore esticando seus galhos na tentativa de abraçar o céu
                              Um homem e seu cigarro
Um pianista com a mente em silêncio

Uma noite rasgada por um meteoro
        Uma prostituta lendo o Soneto de Fidelidade
Um sapato molhado sem o cadarço
        Um cangaceiro berrando por causa do aguardente

Uma pílula que não foi tomada
                           Um livro fechado com páginas amassadas
Um menino procurando uma corda e uma cadeira amarela

Uma música sendo tocada tão longe que não se pode ouvi-la
Um doce que não tem gosto porque não foi provado

Uma máquina fotográfica repleta de lembranças
                Uma tarde tomando sol na praia
                O céu acariciando o mar
Uma menina-careta com areia na boca
Uma tentativa de fugir com uma mala aberta

Um grito suicida do prédio 1407 da Avenida Paulista
                             Uma tarde de sábado e um homem dentro de uma mulher
Um gato malhado que pula de casa em casa
(E assusta a morena)

 Um rio
correndo pra 
abraçar o 
mar
não percebe
que deixou
pra
trás as
pernas
de 
um pescador

A boca do inferno desejando boas-vindas
           Um recém-nascido chorando
por ter recebido o legado da miséria de seus pais
O escarro de um homem que joga futebol
       Uma galinha perdida na rua da cidade grande
A noite servindo de cobertor para aqueles que não o tem

Capitu amando Bentinho
             O bêbado sorrindo porque a Terra toda é mais bonita
Um monge deixando cair sua oferenda

As cruzadas e a
a
    r
e  i  a

Uns gatunos furtando cristais que não existem
          Álvaro de Campos em paz com suas máquinas
Um ouvido que não ouve e uma boca que não beija

Uma poesia perdida na Biblioteca Mário de Andrade
                                                                                Um ônibus que não parou
Um garoto tatuado olhando o céu

Um negro de idade, 
vestindo sapatos sujos e uma boina verde
dando tapinhas carinhosos em uma senhora 
de cabelos brancos.

lembrete ao pedacinho


Pequeno pedacinho de vida,
Feixe de luz que ilumina estas flores socadas,
Esmagadas em palavras!
És o único que faz brilhar os dentes das mulatas!

Ai, pedacinho de vida,
Não te escondas em olhares!
Vem brincar em meu tempo,
Que teus dedos são minha bússola!
E teus olhos são dois imãs.

Meu pedacinho de gente,
Esquece o trem das 7h
E lembra comigo do Sol invadindo a varanda...
Não vá dormir que assim tu só cresces...
Fica essa noite,
Pequeno pedacinho de vida.