Não há de carregar em tuas mãos,
O que os olhos não podem ver.
Não há de carregar com os pés,
O que só o coração pode sentir.
Carregas na alma,
Carregas contigo,
Carregas.
Carregas todo o peso do tempo,
Carregas a amargura do futuro.
Sem notar o que passou,
Descobres que não carregas nada.
Apenas a mera existência.
O corpo sem a alma.
A carcaça,
Cego e tolo.
Carregas cavalo selvagem,
Carregas um gatilho puxado,
Carregas a rosa de Hiroshima.
Porém há de carregar a queda,
O morto,
Os mortos.
Carregas o incompleto e o completo.
Carregas a chuva e o orvalho.
O bebê e o pássaro.
E tu hás de carregar,
Quem a ti também carrega.
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