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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eu estava naquele estado de espírito sonolento, quase rastejante… E aquela voz agitada na sala me perseguia com tamanha naturalidade que tanto parecia um canto dos pássaros, como poderia me colocar para dormir num sono profundo…
E eu olhei, imóvel, para aquele corredor, que não estava mais escuro. Estava claro, clarinho como o céu. O corredor estava vazio e aquele vazio que me fazia pensar. Me fazia pensar que, em breve, o corredor estaria lotado, cheio de sorrisos, como sempre esteve. Cheio de abraços e olhares. Mas estaria faltando a minha eterna angústia de estar naquele corredor. Corredor que, para mim, foi motivo de sofrer, de querer refúgio, de sentir solo.
Mas aquele corredor, como todas as paredes dele, ficaram repentinamente coloridas. Porque, para mim, passei a entender o corredor como um caminho para se chegar a algum lugar. E eu cheguei nesse lugar, sem nem abrir os olhos para admirar o corredor. Foram nos minutos finais que resolvi espiar, como quem é curioso, por aquela abundância de ternura e toda a sua familiariedade.
O corredor continua o mesmo.
Estava vazio.
E lá estava alguém. E eu lembrei desse alguém e subitamente me senti incompleta, porque sabia que, em breve, tanto o alguém, como todos, fariam apenas parte de recordações. Eu olhei para o corredor tarde demais.
E quando vi, até o meu amor já havia desaparecido. Ele despareceu junto ao que sempre tinha acompanhado: Seu sorriso caloroso e seu calor sorridente. Meu amor, com aquele jeito de me fitar com ternura, já havia ido embora. Muito embora eu conseguisse, nitidamente, ver meu amor naquele corredor.
Se eu estivesse num jardim cheio de girassóis ou perto de peixinhos nos corais, não veria nada do que não vi no corredor. Vi caos e vi paz. Vi ambições e vi tudo, tudinho cinza. Vi meus sonhos e ouvi até música de um velho violão.



O corredor do 4° e 5° andar do Colégio São Luís nunca escaparão da minha memória.

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