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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A realidade ou a arte?!

Uma vez que o ser humano nasce, ele enfrenta a realidade e a arte, juntas, como se fossem uma coisa só. Não consegue diferenciar o que é ironia de um fato, o que é paisagem e o que é pintura, o que é o chacoalhar das folhas de uma árvore de música, o que é amor e o que é teatro. Mas não que não haja diferença. E há. Mas o simples fato de que não interessa já é o bastante pra não separar a realidade da arte.
E chega um momento que ele precisa da arte. Todos nós precisamos, eventualmente. Precisa do aconchego das palavras, deitadas sobre o papel de um livro, prontas para encaminhar seu leitor à outro tipo de viagem. Precisa de um ruído agradável. Precisa rir de si mesmo e precisa delatar os outros.
E não se entende bem ao certo porquê. Todos nós sabemos que somos arte, somos arte o tempo inteiro, mas não entendemos como. Somos um projeto do nanquim que ainda não foi usado, o sorriso que ainda não foi interpretado.
 E é tão confortável viver de arte que nem nos damos conta: é arte! E a arte nos cerca de maneira que nem o amor consegue o fazer.
Mas chega um dia, um dia maravilhoso! Nesse dia o Sol deveria brilhar como se fosse dois: O dia que se entende a realidade. O dia em que se olha e faz mais do que ignorar. O dia em que nosce te ipsumacontece.  E o ser humano faz mais. O ser humano se apavora. O ser humano tem medo de se entender!
E cria-se um sentimento pleno de impotência, de parte-de-um-todo, de Universo.
E então ele começa a se retrair. Percebe que o mundo é feito além de sua própria arte, a qual precisa para sobreviver. E entende que a arte estava ali muito antes dele. Ele se torna um indivíduo. E em seu ser indivíduo, ele se torna individual. Precisa disso porque precisa ser pequeno, encolhido, já que é muito pouco perto do Universo.
E ele que veio de um sonho bonito de felicidade, dá de cara com o desgosto, a agonia, a morte, a ignorância. E acha tudo isso tão comum, mas não sabe, agora, como ver! E decide tentar coexistir com esses elementos, porém não consegue mais viver. Porque a vida agora o apavora e a arte não existe mais. Não para ele.

E redescobre a arte.
E a conquista de uma forma diferente de como a tinha antes:
Ele tem a arte à seu favor. É sua arma. É seu alicerce para não morrer com a realidade. 

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