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quarta-feira, 29 de setembro de 2010


Sobre Folhas Secas
         Era uma estrada estreita, de tantas curvas que permitiam ao viajante ver apenas alguns metros à sua frente sem ter de contornar. Suficiente para apenas um automóvel passar, era também rodeada de árvores e uma vastidão de plantações de trigo ao seu redor. Naquele determinado ponto da viagem, era possível ver um céu amarelado às tardes, o qual se completava com o cheiro de madeira molhada levado pelo vento ao nariz de quem ali passava. O asfalto era quente, como se na estrada sempre fizesse sol. As árvores seminuas, com seus braços querendo abraçar o céu, lentamente despiam-se para o outono. Dificilmente por lá passava alguém; embora sem ninguém a estrada fosse completa.
         Eis que aconteceu: As folhas secas, que descansavam sobre o chão numa contente preguiça, - não eram perturbadas há estações - subitamente começaram a voar por toda a dimensão da estrada e, sem que déssemos conta, todas elas se desmancharam, formando um chuvisco de pedacinhos de folhas.
Era uma moto que acabara de passar.

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